quinta-feira, 13 de agosto de 2015

O que é Neuroproteção?

A neuroproteção é uma forma de prevenção dos mecanismos que conduzem à morte neuronal contrariando a cascata de eventos que conduz à morte celular e influencia o prognóstico funcional do indivíduo a longo prazo, minimizado por uma intervenção de cuidados. Consiste na resistência neuronal a um estímulo agressor.

O emprego de neuroprotetores em medicina não é recente. Observou-se que, a despeito da etiologia da lesão primária, danos tardios atingem neurônios inicialmente não afetados pelo estímulo agressor. Qualquer que seja esse estímulo (trauma - incluindo o barotrauma, edema, inflamação, isquemia, etc.) fazem com que alterações bioquímicas sensíveis sejam sentidas no meio ambiente metabólico dos neurônios vizinhos àqueles inicialmente agredidos, promovendo perda neuronal secundária, mesmo após a cessação da agressão primária. A neuroproteção é capaz de regularizar esse meio ou de aumentar a resistência neuronal. Estudos vêm sendo feitos para o tratamento de doenças que afetam o SNC, destacando-se o Parkinson, acidentes vasculares cerebrais e doenças degenerativas.

Medidas neuroprotetoras incluem posicionamento da cabeça, controle estrito da temperatura corpórea, da glicemia, hemodinâmica, oxigenação, homeostasia interna e utilização de fármacos.

A manutenção de oxigenação e pressão arterial adequadas é fundamental no cuidado neuroprotetor de pacientes com lesões cerebrais, como a hemorragia subaracnóidea.

Assim, definir a melhor estratégia de proteção do sistema nervoso tem significativa importância na redução de danos neuropsicológicos. 
  

Referências:

MARIGO, F.A.; CRONEMBERGER, S.; CALIXTO, N. Neuroproteção: situação atual no glaucoma. Arq. Bras. Oftalmol.,  São Paulo ,  v. 64, n. 2, p. 167-171, Apr.  2001 .

CORNEJO, R. et al . Hemofiltração de alto volume e ventilação em posição prona em hemorragia subaracnóidea complicada por grave síndrome do desconforto respiratório agudo e choque séptico refratário. Rev. bras. ter. intensiva,  São Paulo ,  v. 26, n. 2, p. 193-199, jun.  2014 . 

DIAS, L.A. A. et al . Avaliação da isquemia cerebral focal induzida pela oclusão da artéria cerebral média e a ação neuroprotetora do cetoprofeno em ratos. Arq. Neuro-Psiquiatr.,  São Paulo ,  v. 58, n. 4, p. 1047-1054, dez.  2000 .


NUNES, R. R. et al . Anestésicos, precondicionamento e proteção cerebral. Rev. Bras. Anestesiol.,  Campinas ,  v. 63, n. 1, p. 129-138, Feb.  2013 . 


Por: Jeanina Cabral
Acadêmica de Medicina
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sexta-feira, 7 de agosto de 2015

VENTRICULITE

Ventriculite é um quadro caracterizado por pleocitose ventricular, glicose baixa e presença de bactérias no ventrículo. Geralmente está associada a prematuridade e meningite bacteriana por gram negativo, ou à presença de corpos estranhos (derivações ventriculares, derivação ventricular externa e ferimentos penetrantes). Pode ocorrer em até 39% dos pacientes com derivação ventricular, mas a maioria das publicações relata uma incidência de 1% a 15%. Menos frequentemente associam-se a mielomeningoceles ou a ruptura de abscesso para o interior do ventrículo.

As infecções das derivações liquóricas constituem um dos mais sérios problemas destes procedimentos devido ao seu potencial de complicações graves. A alta frequência de infecção nestes procedimentos esta relacionada à presença de um corpo estranho que pode ser colonizado por bactérias de baixa virulência. A maioria das infecções acontecem nos primeiros 2 meses após a implantação da derivação. Os agentes etiológicos destas infecções são germes da pele. A maioria destes germes são estafilococos coagulase-negativa (60% resistentes a múltiplos antibióticos). Outros germes frequentes são o Staphylococcus aureus e bacilos gram negativos. Os pacientes com derivações liquóricas e corpos estranhos (projétil de arma de fogo, por exemplo), são acometidos por Staphylococcus epidermiditis em aproximadamente 54% dos casos, por Staphylococcus aureus  em cerca de 25% dos casos e o restante por outras bactérias. Os pacientes com derivação ventricular externa têm infecção ventricular por germes hospitalares. Outros organismos como fungos, podem causar ventriculite em pacientes portadores de derivações ou com ventriculostomias.

Não existe uma síndrome específica de ventriculite, pois os sinais são febre, toxemia, alteração no nível de consciência e sinais de hipertensão intracraniana. Também podem ocorrer alterações dos sinais vitais (comprometimento do IV ventrículo), e do equilíbrio hidroeletrolítico (comprometimento do III ventrículo e hipotálamo). Os sinais meníngeos são obervados em 25% dos casos.  A confirmação diagnóstica é feita através do exame do LCR ventricular, obtido por punção direta, ou por punção da válvula ou reservatório, a depender do caso. O critério para confirmação da infecção ventricular é a presença de mais de 10 leucócitos polimorfonucleares acompanhada da positividade do gram e/ou da cultura.

O tratamento deve ser instituído prontamente com antibioticoterapia sistêmica com drogas as quais os germes mais comuns sejam sensíveis e que atravessem as barreiras hematoencefálica e hemato-liquórica. A antibioticoterapia intra-tecal também pode ser realizada, sendo feita na maioria dos casos. A antibioticoterapia intra-tecal tem fundamental importância nos casos em que o germe é sensível a um antibiótico que não atravessa a barreira hematoencefálica. A antibioticoterapia inicialmente empírica, deve ser guiada pelo resultado da cultura. Em pacientes com derivação ventricular externa ou derivação ventriculoperitoneal, a troca/retirada do sistema de drenagem é indicada.


BIBLIOGRAFIA


1- COLLI, B. O. Complicações cirúrgicas das infecções bacterianas intracranianas. FMRP, USP. Disponível em < http://www.rca.fmrp.usp.br/graduacao/rcg511/texto2 >. Acesso em 18 de jul. 2015.

Por: Thiago Sipriano
Acadêmico de Medicina
Membro da LIPANI