Ventriculite é um quadro
caracterizado por pleocitose ventricular, glicose baixa e presença de bactérias
no ventrículo. Geralmente está associada a prematuridade e meningite bacteriana
por gram negativo, ou à presença de corpos estranhos (derivações ventriculares,
derivação ventricular externa e ferimentos penetrantes). Pode ocorrer em até
39% dos pacientes com derivação ventricular, mas a maioria das publicações
relata uma incidência de 1% a 15%. Menos frequentemente associam-se a
mielomeningoceles ou a ruptura de abscesso para o interior do ventrículo.
As infecções das derivações liquóricas constituem
um dos mais sérios problemas destes procedimentos devido ao seu potencial de
complicações graves. A alta frequência de infecção nestes procedimentos esta
relacionada à presença de um corpo estranho que pode ser colonizado por
bactérias de baixa virulência. A maioria das infecções acontecem nos primeiros
2 meses após a implantação da derivação. Os agentes etiológicos destas
infecções são germes da pele. A maioria destes germes são estafilococos
coagulase-negativa (60% resistentes a múltiplos antibióticos). Outros germes
frequentes são o Staphylococcus aureus e
bacilos gram negativos. Os pacientes com derivações liquóricas e corpos
estranhos (projétil de arma de fogo, por exemplo), são acometidos por Staphylococcus epidermiditis em
aproximadamente 54% dos casos, por Staphylococcus
aureus em cerca de 25% dos casos e o
restante por outras bactérias. Os pacientes com derivação ventricular externa
têm infecção ventricular por germes hospitalares. Outros organismos como
fungos, podem causar ventriculite em pacientes portadores de derivações ou com
ventriculostomias.
Não existe uma síndrome específica de ventriculite,
pois os sinais são febre, toxemia, alteração no nível de consciência e sinais
de hipertensão intracraniana. Também podem ocorrer alterações dos sinais vitais
(comprometimento do IV ventrículo), e do equilíbrio hidroeletrolítico
(comprometimento do III ventrículo e hipotálamo). Os sinais meníngeos são
obervados em 25% dos casos. A
confirmação diagnóstica é feita através do exame do LCR ventricular, obtido por
punção direta, ou por punção da válvula ou reservatório, a depender do caso. O
critério para confirmação da infecção ventricular é a presença de mais de 10
leucócitos polimorfonucleares acompanhada da positividade do gram e/ou da
cultura.
O tratamento deve ser instituído prontamente com
antibioticoterapia sistêmica com drogas as quais os germes mais comuns sejam
sensíveis e que atravessem as barreiras hematoencefálica e hemato-liquórica. A
antibioticoterapia intra-tecal também pode ser realizada, sendo feita na
maioria dos casos. A antibioticoterapia intra-tecal tem fundamental importância
nos casos em que o germe é sensível a um antibiótico que não atravessa a
barreira hematoencefálica. A antibioticoterapia inicialmente empírica, deve ser
guiada pelo resultado da cultura. Em pacientes com derivação ventricular
externa ou derivação ventriculoperitoneal, a troca/retirada do sistema de
drenagem é indicada.
BIBLIOGRAFIA
1- COLLI, B. O. Complicações cirúrgicas das
infecções bacterianas intracranianas. FMRP,
USP. Disponível em < http://www.rca.fmrp.usp.br/graduacao/rcg511/texto2 >.
Acesso em 18 de jul. 2015.
Por: Thiago Sipriano Acadêmico de Medicina Membro da LIPANI |
Nenhum comentário:
Postar um comentário