quarta-feira, 21 de maio de 2014

Entendendo o Higroma Subdural

A palavra “higroma” possui origem grega, quer dizer “molhado” ou “tumor” e é definido como uma “coleção hipertensiva formada principalmente por Líquido Cefalorraquidiano (LCR).” O Traumatismo Cranioencefálioco (TCE) se relaciona com a maioria dos higromas relatados na literatura, ocorrendo comumente o esgarçamento traumático da aracnóide e extravasamento do LCR para o espaço subdural. O LCR, dessa maneira, é coletado no espaço subdural ao invés de ser drenado para o Sistema Nervoso Central (SNC). Deve-se salientar, por sua vez, que a existência de coleções no espaço subdural é uma ocorrência anormal, embora possa ser relativamente comum após TCE, representando 7 a 12% das massas intracranianas traumáticas.

Nem todos os casos de higroma subdural, entretando, são pós-traumáticos. Eles podem ser secundários a meningite, metástases, alterações congênitas, trombose de seios venosos, procedimentos cirúrgicos ou infecções extra-durais. Há casos de atrofia localizada do tecido encefálico, a qual predispõe o acúmulo subdural de líquor.

As manifestações clínicas em decorrência do higroma não são específicas, incluindo hipertensão intracraniana, crises parciais ou complexas e até mesmo podendo levar ao desenvolvimento de um défict focal, o qual pode ser constatado ao longo de um padrão temporal altamente variável, variando de 24 horas a mais de um mês após o fator desencadeante.
A patogenia destas coleções não foi totalmente esclarecida ainda e o aparecimento de uma recolha de líquido no espaço subdural pode ser causada por mecanismos altamente variáveis ​​entre as quais se destacam:
·       Um rasgo aracnóide que permite a passagem unidirecional de LCR (Efeito valvular);
·       Uma alteração vascular ou parenquimatosa subjacente que origine um exsudado no espaço subdural;
·        A formação de neomembranas subdurais vascularizadas;
·       Um aumento da permeabilidade da passagem de LCR, quer por alteração da própria barreira entre as meninges ou aumentando o gradiente de pressão transmembrana;

Comumente, o higroma subdural é um achado inesperado em um exame radiológico, sendo que nesses casos os pacientes não evidenciam sintomas. Ressalta-se, entretanto, a necessidade de se estabelecer o principal diagnóstico diferencial, o qual se relaciona com o hematoma subdural crônico.


Na tomografia, ambos podem ter uma densidade baixa, embora o higroma geralmente seja de densidade ainda menor (inferior a 20HU). Na maioria dos casos, a história clínica e exames seriados fazem a diferença. Há, ainda, a ressonância magnética, que demonstra claramente o sinal de líquor no caso do higroma e as alterações de sinal decorrentes da presença de hemoglobina no caso de hematoma.

Referências

Miranda, P; Lobato, R.D.; Rivas, J.J.; Alen , J.F.; Lagares, A.: Colecciones subdurales postraumáticas: presentación de un caso y revisión de la literatura. Neurocirugía 2004; 15:67-71.



Por: Ana Quézia
Acadêmica do Quarto Período de Medicina
Membro da LIPANI

sábado, 10 de maio de 2014

Unidade Hounsfield: Principais Variações

A tomografia computadorizada (TC) foi inventada no início da década de 70, pelo engenheiro inglês Hounsfield, juntamente com o físico norte-americano Comark, lhes valeu o prêmio Nobel de Medicina de 1979.

A imagem da TC compõe-se unitariamente pelo pixel, cada um dos quais apresenta um número que traduz a densidade tecidual ou o seu poder de atenuação da radiação. Tais números, conhecidos como unidade Hounsfield (HU), variam de –1000 (densidade do ar) a +1000 (densidade da cortical óssea), passando pelo zero (densidade da água). Na escala Hounsfield, considera-se que a água apresenta uma densidade neutra na imagem tomográfica. Deste modo, os tecidos de maior densidade são decodificados com um número positivo pelo tomógrafo e chamados hiperdensos, enquanto os tecidos com densidade inferior à água recebem um número negativo e são denominados hipodensos. A densidade da medula óssea varia de -20 a -40, devido à grande quantidade de tecido adiposo. Na presença de um tumor na região, aumentam a densidade tecidual e o valor numérico da escala. Um cisto apresenta um número próximo a zero, já que o fluido cístico compõe-se preponderantemente por água.


Verificamos a HU nas varias regiões do crânio em TC dos pacientes do trauma de João Pessoa-PB.

Imagem 1: HU do sangue

Imagem 2: HU do osso

Imagem 3: HU do edema vasogênico

Imagem 4: HU do tecido cerebral normal

Imagem 5: HU do seio maxilar

Imagem 6: HU do LCR
Referência:


Por: Ronan Vieira
Acadêmico do Quarto Período de Medicina
Membro da LIPANI

terça-feira, 6 de maio de 2014

Evento vascular cerebelar hemorrágico: Conduta

As doenças que acometem o território vertebrobasilar, responsável pela porção posterior  da vascularização do encéfalo, costumam apresentar piores evolução e prognóstico quando comparadas àquelas que acometem o território carotídeo, anterior. Entretanto, por apresentarem menor frequência de acontecimento (10% das hemorragias parenquimatosas não traumáticas), há uma menor quantidade de estudos quanto a sua conduta.
Clinicamente, o paciente vítima de evento hemorrágico atravessa três fases: uma inicial, com sintomas inespecíficos como cefaleia e tontura e específicos, relacionados à região acometida (cerebelovestibular); no estágio intermediário, o paciente apresenta-se confuso e pode apresentar hipertensão intracraniana (HIC); já no estágio tardio, de compressão do tronco cerebral, há alterações cardiovasculares e evolução para coma. O tempo decorrido entre os estágios depende do volume da lesão, da velocidade com que se expande e do grau de compressão do IV ventrículo. Para diagnóstico por imagem, a tomografia sem contraste é o método de escolha.

Imagem 1: Tomografia
            Quanto ao tratamento, deve-se monitorar o paciente hemodinamicamente e acompanhar  seu nível de consciência, tendo em vista que estes são parâmetros indicadores de evolução da lesão. Tomografias seriadas também devem ser realizadas, sendo o intervalo entre elas de julgamento do médico assistente.
            Os casos cirúrgicos são reservados para hematomas com:
    > 4 cm em seu maior comprimento (à tomografia);
    Compressão do tronco cerebral e/ou cisterna quadrigeminal
    Rebaixamento do nível de consciência
    Hidrocefalia
            A técnica mais utilizada para abordagem de evacuação cirúrgica do hematoma é a craniotomia suboccipital, podendo ser mediana ou paramediana, preferencialmente com o paciente em decúbito ventral. O acompanhamento clínico está reservado apenas para pequenos hematomas, pacientes alertas e tomografia sem sinais de compressão.

            O nível de consciência é, entre todos, o fator mais importante no momento da definição da conduta e no estabelecimento do prognóstico, a longo prazo. Este, geralmente apresenta deterioração entre o segundo e o quarto dias pós-icto.
Imagem 2: Hemorragia Cerebelares


REFERÊNCIA

Por: Breno Guedes
Acadêmico do Sétimo Período de Medicina
Membro da LIPANI

Pneumocrânio

Pneumocrânio pode ser definido como uma coleção de ar intracraniana. A maioria dos casos está associada a trauma (75% dos casos) ou a iatrogenias. Infecções por microorganismos produtores de gás, mococeles, cistos neuroentéricos congênitos e defeitos durais são outras possíveis causas.
Em decorrência à sua localização, os principais sintomas ocorrem em consequência da hipertensão intracraniana, caracterizando cefaleia, convulsão, diminuição do nível de consciência, náusea, vômito, tontura e hemiparesia. A duração e intensidade dos sintomas estão relacionados diretamente com a quantidade de ar intracraniano. O tratamento clínico para esses casos se baseia na administração de Oxigênio. Isto é importante pois a hiperoxigenação cerebral atua como mecanismo facilitador da difusão da coleção aérea e resolução do quadro,  que acontece em poucos dias. O tratamento com Câmara Hiperbárica também pode ser considerado.
Imagem: Tomografia (Pneumocrânio)
  

REFERÊNCIAS

Por: Leomar Maia
Acadêmico do Sétimo Período de Medicina
Tesoureiro da LIPANI