A palavra “higroma” possui origem grega, quer dizer “molhado” ou “tumor”
e é definido como uma “coleção hipertensiva
formada principalmente por Líquido Cefalorraquidiano (LCR).” O Traumatismo Cranioencefálioco (TCE) se relaciona com a maioria dos
higromas relatados na literatura, ocorrendo comumente o esgarçamento traumático
da aracnóide e extravasamento do LCR para o espaço subdural. O LCR, dessa
maneira, é coletado no espaço subdural ao invés de ser drenado para o Sistema
Nervoso Central (SNC). Deve-se salientar, por sua vez, que a existência de
coleções no espaço subdural é uma ocorrência anormal, embora possa ser
relativamente comum após TCE, representando 7 a 12% das massas intracranianas
traumáticas.
Nem todos os casos de higroma subdural, entretando, são
pós-traumáticos. Eles podem ser secundários a meningite, metástases, alterações
congênitas, trombose de seios venosos, procedimentos cirúrgicos ou infecções
extra-durais. Há casos de atrofia localizada do tecido encefálico, a qual
predispõe o acúmulo subdural de líquor.
As manifestações clínicas em decorrência do higroma não são
específicas, incluindo hipertensão intracraniana, crises parciais ou complexas
e até mesmo podendo levar ao desenvolvimento de um défict focal, o qual pode
ser constatado ao longo de um padrão temporal altamente variável, variando de
24 horas a mais de um mês após o fator desencadeante.
A patogenia destas coleções não foi totalmente esclarecida ainda e
o aparecimento de uma recolha de líquido no espaço subdural pode ser causada
por mecanismos altamente variáveis entre as quais se destacam:
· Um rasgo aracnóide que permite a passagem unidirecional de LCR (Efeito
valvular);
· Uma alteração vascular ou parenquimatosa subjacente que origine um
exsudado no espaço subdural;
· A formação de neomembranas subdurais vascularizadas;
· Um aumento da permeabilidade
da passagem de LCR, quer por alteração da própria barreira entre as meninges ou
aumentando o gradiente de pressão transmembrana;
Comumente,
o higroma subdural é um achado inesperado em um exame radiológico, sendo que
nesses casos os pacientes não evidenciam sintomas. Ressalta-se, entretanto, a
necessidade de se estabelecer o principal diagnóstico diferencial, o qual se
relaciona com o hematoma subdural crônico.
Na tomografia, ambos podem ter uma densidade baixa, embora
o higroma geralmente seja de densidade ainda menor (inferior a 20HU). Na
maioria dos casos, a história clínica e exames seriados fazem a diferença. Há,
ainda, a ressonância magnética, que demonstra claramente o sinal de líquor no
caso do higroma e as alterações de sinal decorrentes da presença de hemoglobina
no caso de hematoma.
Referências
Miranda, P; Lobato, R.D.; Rivas, J.J.; Alen , J.F.; Lagares, A.:
Colecciones subdurales postraumáticas: presentación de un caso y revisión de la
literatura. Neurocirugía 2004; 15:67-71.
Por: Ana Quézia Acadêmica do Quarto Período de Medicina Membro da LIPANI |
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