Meningiomas
são os tumores benignos mais comuns do sistema nervoso central (SNC),
correspondendo a cerca de 20% dos tumores cerebrais primários. Os meningiomas
predominam no sexo feminino, numa proporção de 2:1. A taxa de incidência é de 6
casos por 100.000 habitantes por ano. Têm origem em células da aracnoide,
raramente atingindo o parênquima cerebral. De uma maneira geral os meningiomas
têm crescimento lento e são bastante volumosos em alguns casos no momento em
que se institui o diagnóstico. Mais de 90% dos meningiomas são de localização
supratentorial.
Soichi
et al (2011) analisou a história natural dos meningiomas, com a maior amostra
até então apresentada em um único estudo. O mesmo foi realizado com 244
pacientes portadores de 273 meningiomas, conduzidos conservadoramente entre
2003 e 2008, com um follow-up de pelo menos 1 ano, com uma média de 3,8 anos.
Aproximadamente 40% dos tumores exibiram crescimento significante com um
follow-up de 4 anos de duração e 74% dos tumores apresentaram aumento de seu
volume, sendo esta a variável mais sensível para avaliar o crescimento dos
meningiomas. O outro método utilizado foi o crescimento linear do tumor.
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A base de implantação deste meningioma situa-se na pequena asa D do esfenóide e porção adjacente do processo orbitário do osso frontal, que forma o teto da órbita. Nestes locais há proliferação óssea secundária à invasão tumoral. Uma lingueta do giro parahipocampal D insinua-se na cisterna pontocerebelar, constituindo uma hérnia de úncus. Há desvio do tronco cerebral, levando a aumento da cisterna deste lado. |
A
doutrina de Monro-Kellie estabelece que o encéfalo reside em um conteúdo
inelástico, o crânio, e que o volume intracraniano deve permanecer constante
(80% encéfalo, 10% líquor, 10% sangue). O aumento de um compartimento, ou seja,
encéfalo, líquor, sangue ou outros, deve(m) ser compensado(s) pela diminuição
de outro compartimento ou haverá aumento da pressão intracraniana (PIC). Os
mecanismos compensatórios são os seguintes:
-Deslocamento
de líquor do compartimento intracraniano para o compartimento intratecal;
-Deslocamento
de sangue venoso para as veias jugulares;
-Deslocamento
de tecido cerebral.
A
doutrina de Monro-Kellie é plausível para o entendimento da hipertensão
intracraniana (HIC), e a HIC é causada quando há aumento de um compartimento e
os mecanismos compensatórios não são suficientes para impedir um aumento da
PIC. O aumento de água no crânio é responsável pela formação do edema cerebral,
de sangue, inchaço, de líquor, hidrocefalia, já a presença de lesão expansiva
cerebral, constitui um componente extra, que a depender do seu volume e
velocidade de instalação, entre outros fatores, ocasionará aumento da PIC de
menor ou maior grau, por esgotamento dos mecanismos de compensação. Pode ainda
haver associação entre esses diversos componentes.
Os
meningiomas são lesões expansivas, que embora de crescimento lento, podem
atingir grandes volumes e perturbar os mecanismos de compensação propostos pela
doutrina de Monro-Kellie.
Referências:
1- SOICHI, O.Y.A., KIM, S.H., SADE, B., LEE, J.H. The
natural history of
intracranial
meningiomas. J Neurosurg, Ohio, v.
114, p. 1250-1256, maio
2011.
2- MIZUMOTO, N., TANGO, H. K., PAGNOCCA, M. L. Efeitos da hipertensão
arterial induzida sobre a complacência
e pressão de perfusão encefálica em
hipertensão intracraniana
experimental: comparação entre lesão encefálica
criogênica e balão subdural. Rev Bras Anestesiol, São Paulo, v. 55,
n. 03, p.
289-307, maio-junh. 2005.
3- PATRIOTA, G. C. Doutrina de
Monto-Kellie. Blog Neurointensivismo.
4- Site didático de Anatomia
Patológica, Neuropatologia e Neuroimagem.
Meningioma,
2014.
Disponível em:
<http://anatpat.unicamp.br/rpgmeningiomat6.4.html>.
Acesso em: 02 de dez.2014.
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Por: Thiago Sipriano
Acadêmico
do sétimo período de Medicina
Convidado
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