A primeira revisão da
literatura sobre aneurismas intracranianos múltiplos (AIM) foi publicada em
1955 por Bigelow, que identificou em uma série de 2.237 casos de aneurismas
intracranianos, uma frequência de 10% de AIM.
Na atualidade, estima-se que 15% a 35% dos pacientes com aneurismas
intracranianos apresentem aneurismas intracranianos múltiplos e esta frequência
superior pode ser explicada pelos avanços nos exames diagnósticos e rastreio
clínico. Estes casos implicam em um manejo terapêutico complexo e uma
morbimortalidade superior quando comparados àqueles em que há apenas um
aneurisma intracraniano. Vários são os fatores de risco associados à sua
incidência e prevalência, entretanto, a patogênese e os mecanismos associados a
esta condição clínica permanecem indeterminados.
O diagnóstico é realizado
através da angiografia cerebral ou da angioRM. Estes exames determinam a
quantidade de aneurismas, suas localizações, morfologias, dimensões e relações
topográficas, o que é fundamental para o planejamento terapêutico. Spotti et al
demonstrou em seu estudo que a angiografia cerebral possuía uma sensibilidade
superior em relação à angioRM, mas que os resultados de ambas na definição do
número, topografia e tamanho médio dos aneurismas foram semelhantes.
Entretanto, a angioRM tem como vantagens ser um exame não-invasivo, rápido e
menos oneroso.
A abordagem dos AIM pode
ser feita pela clipagem microcirúrgica ou pela técnica endovascular, através da
embolização com coil. A escolha do tratamento considera as características
morfológicas dos AIM, a idade e status clínico do paciente, além da técnica e
experiência do neurocirurgião ou neurorradiologista. Estudos indicam que o
tratamento cirúrgico, embora associado a uma alta incidência de complicações,
apresenta uma frequência de obliteração completa superior e um risco de
recanalização inferior quando comparado à abordagem endovascular, sendo
realizado, frequentemente, através de uma craniotomia e em um único estágio.
Esta abordagem é a mais adequada para pacientes com idade inferior a 50 anos e
status clínico razoável. Entretanto, há divergências na literatura, uma vez que
outros estudos demonstram uma eficácia similar e uma morbimortalidade inferior
do tratamento endovascular, sobretudo com o advento de novas tecnologias.
REFERÊNCIAS
1- KAMINOGO M, YONEKURA M, SHIBATA S. Incidence and outcome of multiple intracranial aneurysms in a defined population. Stroke. 2003;34(1):16–21.
2- QURESHI AI, SUAREZ JI, PAREKH PD, SUNG G, GEOCADIN R, BHARDWAJ A, TAMARGO RJ, ULATOWSKI JA. Risk factors for multiple intracranial aneurysms. Neurosurgery. 1998;43(1):22–26
3- SPOTTI, Antonio Ronaldo et al . Angiografia pela ressonância magnética nos aneurismas intracranianos: estudo comparativo com a angiografia cerebral. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo , v. 59, n. 2B, p. 384-389, June 2001
4- LYNCH, José Carlos; ANDRADE, Ricardo Alves de. Aneurismas intracranianos múltiplos. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo , v. 50, n. 1, p. 16-23, Mar. 1992.
5- CARVALHO, Pablo Rodrigues de et al. Microcirurgia para aneurismas intracranianos múltiplos: série de 29 casos. Arq. Bras. Neurocir, São Paulo, v. 33, n. 2, p.88-94, 2014
1- KAMINOGO M, YONEKURA M, SHIBATA S. Incidence and outcome of multiple intracranial aneurysms in a defined population. Stroke. 2003;34(1):16–21.
2- QURESHI AI, SUAREZ JI, PAREKH PD, SUNG G, GEOCADIN R, BHARDWAJ A, TAMARGO RJ, ULATOWSKI JA. Risk factors for multiple intracranial aneurysms. Neurosurgery. 1998;43(1):22–26
3- SPOTTI, Antonio Ronaldo et al . Angiografia pela ressonância magnética nos aneurismas intracranianos: estudo comparativo com a angiografia cerebral. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo , v. 59, n. 2B, p. 384-389, June 2001
4- LYNCH, José Carlos; ANDRADE, Ricardo Alves de. Aneurismas intracranianos múltiplos. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo , v. 50, n. 1, p. 16-23, Mar. 1992.
5- CARVALHO, Pablo Rodrigues de et al. Microcirurgia para aneurismas intracranianos múltiplos: série de 29 casos. Arq. Bras. Neurocir, São Paulo, v. 33, n. 2, p.88-94, 2014
Por: Fernanda Figueiredo Acadêmica de Medicina Convidada da LIPANI |
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