quarta-feira, 1 de julho de 2015

Aneurismas Múltiplos

A primeira revisão da literatura sobre aneurismas intracranianos múltiplos (AIM) foi publicada em 1955 por Bigelow, que identificou em uma série de 2.237 casos de aneurismas intracranianos, uma frequência de 10% de AIM.  Na atualidade, estima-se que 15% a 35% dos pacientes com aneurismas intracranianos apresentem aneurismas intracranianos múltiplos e esta frequência superior pode ser explicada pelos avanços nos exames diagnósticos e rastreio clínico. Estes casos implicam em um manejo terapêutico complexo e uma morbimortalidade superior quando comparados àqueles em que há apenas um aneurisma intracraniano. Vários são os fatores de risco associados à sua incidência e prevalência, entretanto, a patogênese e os mecanismos associados a esta condição clínica permanecem indeterminados.
O diagnóstico é realizado através da angiografia cerebral ou da angioRM. Estes exames determinam a quantidade de aneurismas, suas localizações, morfologias, dimensões e relações topográficas, o que é fundamental para o planejamento terapêutico. Spotti et al demonstrou em seu estudo que a angiografia cerebral possuía uma sensibilidade superior em relação à angioRM, mas que os resultados de ambas na definição do número, topografia e tamanho médio dos aneurismas foram semelhantes. Entretanto, a angioRM tem como vantagens ser um exame não-invasivo, rápido e menos oneroso.  
A abordagem dos AIM pode ser feita pela clipagem microcirúrgica ou pela técnica endovascular, através da embolização com coil. A escolha do tratamento considera as características morfológicas dos AIM, a idade e status clínico do paciente, além da técnica e experiência do neurocirurgião ou neurorradiologista. Estudos indicam que o tratamento cirúrgico, embora associado a uma alta incidência de complicações, apresenta uma frequência de obliteração completa superior e um risco de recanalização inferior quando comparado à abordagem endovascular, sendo realizado, frequentemente, através de uma craniotomia e em um único estágio. Esta abordagem é a mais adequada para pacientes com idade inferior a 50 anos e status clínico razoável. Entretanto, há divergências na literatura, uma vez que outros estudos demonstram uma eficácia similar e uma morbimortalidade inferior do tratamento endovascular, sobretudo com o advento de novas tecnologias.

REFERÊNCIAS

1- KAMINOGO M, YONEKURA M, SHIBATA S. Incidence and outcome of multiple intracranial aneurysms in a defined population. Stroke. 2003;34(1):16–21.
2- QURESHI AI, SUAREZ JI, PAREKH PD, SUNG G, GEOCADIN R, BHARDWAJ A, TAMARGO RJ, ULATOWSKI JA. Risk factors for multiple intracranial aneurysms. Neurosurgery. 1998;43(1):22–26
3- SPOTTI, Antonio Ronaldo et al . Angiografia pela ressonância magnética nos aneurismas intracranianos: estudo comparativo com a angiografia cerebral. Arq. Neuro-Psiquiatr.,  São Paulo ,  v. 59, n. 2B, p. 384-389, June  2001
4- LYNCH, José Carlos; ANDRADE, Ricardo Alves de. Aneurismas intracranianos múltiplos. Arq. Neuro-Psiquiatr.,  São Paulo ,  v. 50, n. 1, p. 16-23, Mar.  1992.
5- CARVALHO, Pablo Rodrigues de et al. Microcirurgia para aneurismas intracranianos múltiplos: série de 29 casos.  Arq. Bras. Neurocir, São Paulo, v. 33, n. 2, p.88-94, 2014

Por: Fernanda Figueiredo
Acadêmica de Medicina
Convidada da LIPANI

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