A cefaleia em salvas é uma variante das
cefaléias vasculares, sendo consideravelmente mais rara que a enxaqueca. É
provavelmente a mais dramática e intensa forma de cefaleia que o homem conhece,
e freqüentemente é confundida com a neuralgia do trigêmeo, sinusite e até com a cefaleia psicogênica. Daí sua importância clínica.
Este tipo de cefaleia, que evolui em surtos,
costuma ter início nos indivíduos de meia-idade. Predomina no sexo masculino
numa proporção que chega até 6:1. A cefaleia caracteriza-se por ser paroxística
unilateral (comumente localizada nas regiões temporal e ocular) e de grande
intensidade. A dor, que rapidamente atinge o seu clímax, pode assumir o caráter
de queimação, agulhada ou, então, apresentar-se sob a forma perfurante ou
dilacerante; às vezes se associa um componente pulsátil. Nem sempre o doente
consegue definir bem o tipo de dor.
O diagnóstico da cefaleia em salvas,
eminentemente clínico, se impõe pelo quadro álgico intenso e unilateral, onde as
crises podem durar 10 minutos a 2 horas e costumam incidir mais de uma vez nas
24 horas, sendo freqüente pelo menos uma crise noturna que habitualmente se
instala 1 a 2 horas após o adormecimento do indivíduo. No final da crise a dor
se atenua e acaba por desaparecer, podendo, contudo, permanecer um fundo de
desconforto por algum tempo na região acometida.
Como manifestações associadas são encontradas
com frequência lacrimejamento, congestão ocular e rubor na região afetada, além
de obstrução nasal uni ou bilateral. Os vômitos raramente ocorrem. Em alguns
casos pode ser observada a síndrome de Claude Bernard-Horner, de modo
transitório. Os períodos de crise podem durar de 2 a 6 semanas, ou mesmo mais,
sendo comuns longos períodos de acalmia (esses períodos intercríticos podem
durar até anos). Existem formas crônicas deste tipo de cefaleia, com duração
prolongada dos surtos (vários meses).
Os principais fatores desencadeantes da cefaleia em salvas são as bebidas alcoólicas, as drogas vasodilatadoras (histamina,
nitroglicerina) e a fase REM do sono.
Uma das maneiras de tratar uma crise de cefaleia em salvas é através da inalação de oxigênio a 100%, durante 15 minutos
(não serve ar comprimido, precisa ser oxigênio). De cada 4 sofredores, 3 obtêm
alívio rápido, em questão de poucos minutos, da crise de cefaleia em salvas
mediante a inalação de oxigênio, em fluxo máximo, com a máscara bem apertada. Mas
possui a desvantagem de não prevenir as crises, apenas aliviar a crise que já
está acontecendo.
Também existem medicamentos que podem ser
utilizados diariamente para prevenção, ou seja, no intuito de diminuir a
frequência, intensidade e duração das crises de cefaleia em salvas propriamente
ditas. Dentre eles estão o verapamil (e outros bloqueadores de canais
intracelulares de cálcio), o lítio, o valproato e a metilergonovina, entre
outros, que o médico prescreve no intuito de espaçar as crises, torná-las mais
brandas caso sobrevenham, e mais fáceis de combater.
Figura 1: Paciente diagnosticada com cefaleia em salvas atendida no HEETSHL. |
Existe também o tratamento cirúrgico para cefaleia em salvas, com o objetivo de cortar e interromper a passagem dos
estímulos dolorosos em direção ao cérebro. O tratamento cirúrgico é indicado
apenas para aqueles casos que não melhoram com o tratamento farmacológico, ou
cujas reações adversas aos medicamentos não permitem o tratamento adequado. A
cirurgia consiste em destruir as vias neuronais supostamente responsáveis pela
dor. O efeito a curto e longo prazo do procedimento cirúrgico para cefaléia em
salvas depende de cada caso.
REFERÊNCIAS
SANVITO, Wilson Luiz;
TILBERY, Charles Peter. Cefaleia em salvas:
aspectos clinicos e terapeuticos em 26 casos. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo ,
v. 38, n. 4, p. 375-384,
Dec. 1980 . Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004282X1980000400007&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em 09 abril
2016.
FELDMAN, Alexandre. Cefaleia em Salvas – A Dor de Cabeça
Mais Forte Que Existe. Disponível em < http://www.enxaqueca.com.br/blog/cefaleia-em-salvas/
>. Acesso em 09 abril 2016.
Por: Rodrigo Moreira Acadêmico de Medicina Membro da LIPANI |
Obrigado pelo artigo. Estou fazendo um artigo sobre cefaleia. Abraços
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