A
fratura de Jefferson é uma fratura da primeira vértebra cervical (C1) do tipo
explosão, em que observam três a quatro fraturas nos arcos anterior e posterior.
Sua incidência é de 1-3% das fraturas de coluna vertebral e de 4-15% das da
região cervical, ocorrendo mais frequentemente na segunda década de vida e no
sexo masculino. Raramente estão associadas a alterações neurológicas. Déficit
neurológico pode existir quando há associação com uma fratura do odontóide ou
lesão dos ligamentos alares ou ainda do ligamento transverso. Em 1920,
Jefferson descreveu a fratura em explosão do atlas atribuindo a ela o mecanismo
de carga axial ao topo da cabeça. Atualmente, são frequentemente associadas a
acidentes automobilísticos.
Com
a compressão de C1 sobre C2, ocorre a ruptura do atlas nos pontos de maior
fragilidade. Estes locais são os arcos posterior e anterior que, quando
fraturados, permitem o afastamento das massas laterais e conseqüente aumento da
área do canal. Isso justifica a pequena associação com lesão neurológica dessas
fraturas.
As
fraturas do arco anterior e posterior são geralmente vistas nas radiografias de
perfil, enquanto as massas laterais de C1 podem ser vistas na radiografia
trans-oral.
A
fratura é melhor avaliada pela TC que permite a visualização de C1 no plano
axial. A RNM permite a avaliação direta das estruturas ligamentares.
São
classificadas por Levine e Edwards:
I-Fraturas
do arco posterior, causada por hiperextensão.
II-Fratura
de massa lateral, causada por rotação ou inclinação lateral.
III-Fratura
isolada do arco anterior, causada por hiperextensão com desvio mínimo,
cominuida e fraturas instáveis.
Também
podem ser classificadas em estáveis e instáveis de acordo com a competência do
ligamento transverso. São estáveis as fraturas isoladas do arco posterior,
avulsão do arco anterior ou do anel de C1, sem associação com lesão do
ligamento transverso. As fraturas instáveis são as fraturas do arco anterior
com desvio posterior do atlas em relação ao odontóide e as explosões com a
somatória do afastamento das massas laterais maior do que 6,9 mm, o que se
traduz por lesão do ligamento transverso.
O
tratamento da fratura depende da estabilidade. Nas fraturas estáveis, o
tratamento geralmente é conservador, com o uso de tração e de órtese semirrígida,
ou imobilização com halo-gesso ou halo-colete por 3 a 4 meses. Uma vantagem do
tratamento conservador é a preservação da articulação entre C1 e C2 e
consequentemente manutenção da amplitude de movimento normal. As taxas de
consolidação e os resultados do tratamento conservador são bons.
O
tratamento cirúrgico é destinado para as lesões instáveis devido ao risco de
progressão dos desvios e pseudartrose e em pacientes politraumatizados. São
tratadas por tração prolongada com halo craniano, artrodese C1-C2 ou artrodese
occipto-C2. O inconveniente de realizar uma artrodese neste nível é a grande
perda de mobilidade, lembrando que 50% da rotação cervical ocorre entre C1 e
C2.
Imagem II: Fratura de Jefferson instável com arrancamento do ligamento transverso (A). Link para fonte |
Existem
diversas técnicas cirúrgicas para se obter uma fusão entre C1 e C2. Elas podem
envolver amarrilho entre C1 e C2, parafusos trans-articulares e parafusos
pediculares e de massa lateral. O uso de enxerto consiste em uma etapa comum a
todas as técnicas.
Referências
- FALAVIGNA, Asdrubal; SILVA, Fabrício Molon da; HENNEMANN, Alessandra Souto. Fratura de côndilo occipital associada a fratura de Jefferson e lesão dos nervos cranianos caudais: relato de caso. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo , v. 60, n. 4, p. 1038-1041, Dec. 2002 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004282X2002000600030&lng=en&nrm=iso>. access on 08 June 2016.
- GUSMAO, Sebastião Silva; SILVEIRA, Roberto Leal; ARANTES, Aluízio. Tratamento cirúrgico da fratura do côndilo occipital: relato de caso. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo , v. 59, n. 1, p. 134-137, Mar. 2001 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004282X2001000100029&lng=en&nrm=iso>. access on 08 June 2016.
- ROCHA, Ivan Dias. Fratura da Coluna Cervical - Lesões Cervicais Altas. Disponível em <http://www.drivanrocha.com.br/website/index.php?option=com_content&view=article&id=52:fratura-da-coluna-cervical&catid=57&Itemid=94&showall=&limitstart=1>. Acesso em 08 Junho 2016.
Por: Rodrigo Moreira Acadêmico de Medicina Membro da LIPANI |
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