MEDICAMENTOS
NEUROPROTETORES
Neuroproteção é uma intervenção, não
necessariamente farmacológica, visando o resgate da área de penumbra - definida
como área de hipoperfusão, ainda viável, circunjacente à área de necrose.
Algumas medidas neuroprotetoras envolvem posicionamento da cabeça, controle
estrito da temperatura corpórea, glicemia, hemodinâmica, oxigenação,
homeostasia interna e utilização de fármacos.
Fármacos utilizados com essa finalidade
são chamados de medicamentos neuroprotetores. Nos últimos anos, dezenas de
agentes farmacológicos demonstraram eficácia em modelos animais, porém sem
resultados efetivos quando utilizados em estudos controlados em seres humanos.
As principais razões para esse insucesso incluem: modelos animais não
superponíveis com a realidade da complexidade dos fatores envolvidos na doença humana;
utilização de escalas clínicas incapazes de refletir o volume da área de
infarto; janela terapêutica tardia; número de pacientes insuficientes;
resultados discrepantes entre diferentes espécies e centros, entre outras.
Alguns medicamentos já estão mais bem
estabelecidos para uso com o objetivo neuroprotetor. O mais conhecido deles é o
sulfato de magnésio, associado à diminuição do risco de paralisia cerebral em
prematuros extremos. Ele vem sendo estudado também para uso em pacientes com acidente
vascular cerebral (AVC) agudo, com resultados promissores em animais, mas ainda
sem benefícios comprovados em humanos.
Agentes antioxidantes também vêm sendo
estudados como neuroprotetores. Até o presente momento, é um desses agentes – a
citicolina – o único que apresentou eficácia comprovada por meta-análise para o
uso em AVC isquêmico, quando usado nas primeiras 24 horas em pacientes com
quadros moderados e graves (NIHSS > 8).
Na hemorragia subaracnoidea causada por
rompimento de aneurisma, o único agente com eficácia comprovada é a nimodipina,
um inibidor de canais de cálcio. Em pacientes com AVC isquêmico, porém, este
agente e os gangliosídeos não tiveram seus efeitos favoráveis inicialmente
obtidos em animais confirmados nos estudos com humanos. A nimodipina apresentou
resultados conflitantes, especialmente quando administrada em altas doses,
sendo por vezes associada a desfechos desfavoráveis.
Ainda quanto ao AVC isquêmico, o
fasudil, um inibidor da Rho kinase, apresentou eficácia num grande ensaio
clínico, passando a ser aprovado para uso em alguns países, mas não nos Estados
Unidos, por exemplo.
Imunorreguladores (como o enlimomab), inibidores
dos receptores de glutamato, óxido nítrico e agonistas gabaérgicos (GABA
agonistas/Ácido gama-aminobutírico), como o clometiazol, falharam em apresentar
benefícios em estudos de grande magnitude conduzidos recentemente.
Inúmeros outros fármacos são estudados
atualmente, mas a maioria em estudos pré-clínicos. Suas classes são as mais
variadas e os resultados, em geral, são promissores. Como exemplo, temos
estrógeno, óleo de copaíba, fitoterápicos (como Gingko-biloba), vitamina E em
doses elevadas, selegelina (inibidor da MAO-B), topiramato e outras drogas antiepilépticas,
buspirona, albumina, gliburida, ácido úrico, fingolimod, natalizumab, minociclina
(uma tetraciclina), eritropoietina e muitos anestésicos.
O uso de medicamentos neuroprotetores é
destacado principalmente nos strokes,
como pôde ser notado. Mas há evidências de que pode ser valioso também em
doenças degenerativas, da doença de Parkinson, no glaucoma e em muitas outras.
Assim, cada vez mais tais medicamentos são estudados e ganham destaque,
constituindo uma importante área de pesquisa e de tratamento em ascensão.
Referências:
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Por: Bruna Lisboa do Vale
Acadêmica de Medicina
Membro da Lipani
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