INTRODUÇÃO
De acordo com as Diretrizes Assistenciais do Hospital Israelita Albert Einstein, traumatismo raquimedular (TRM) "é a lesão da medula espinhal que provoca alterações, temporárias ou permanentes, na função motora, sensibilidade ou função autonômica”. A lesão medular é um tipo de acidente altamente incapacitante e que muda a expectativa de vida do indivíduo lesado, bem como seus relacionamentos em seus círculos sociais, devido às mudanças de hábito: dependência, restrições e outros.
No Brasil, os dados são desconhecidos, mas dados estadunidenses apontam 55 casos por milhão de habitantes/ano somente nas zonas rurais, os quais se traduzem em 17.050 lesionados a cada ano. A maior incidência ocorre em adolescentes e adultos jovens, incapacitando parcela da população economicamente ativa. Dois terços dos TRM acometem a coluna cervical baixa (C3-C7).
HISTÓRIA E EXAME FÍSICO
- Ao receber-se um paciente com TRM, deve-se seguir os seguintes passos na sala de emergência:
- Atendimento segundo o ATLS, com imobilização cervical e prancha rígida;
- Se paciente desacordado, considerá-lo com lesão cervical e realizar exames secundários de imagem.
- Se acordado, colher breve história para avaliar possibilidade de TRM.
- Mobilização em bloco;
- Retirada da prancha rígida assim que possível
- Após exames. Máximo de duas horas.
- Preencher ficha da escala ASIA.
- Internar o paciente aos cuidados especialistas.
Durante o exame neurológico secundário determinar em qual nível houve lesão. Atualmente, como padrão para fazer esta avaliação, utiliza-se a escala da ASIA (American Spinal Injury Association), que é dividida em quatro partes:
- Exame da motricidade;
- Exame da sensibilidade;
- Escala de Frankel modificada;
- FIM (functional independence measure) - aferição de independência funcional
Motricidade
O exame da motricidade é graduado de 0 a 5 pontos por grupo muscular
0. sem contração muscular
1. contração sem movimento2. movimento em plano horizontal sem vencer a força da gravidade
3. movimento vence a força da gravidade, mas não resistência
4. movimento vence resistência
5. força muscular normal
Grupos musculares por raiz nervosa
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C5
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Flexão do cotovelo
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C6
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Extensão do punho
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C7
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Extensão de cotovelo e dedos
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C8
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Flexão dos dedos
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T1
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Abdução dos dedos
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L2
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Flexão do quadril
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L3
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Extensão do joelho
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L4
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Dorsiflexão do pé
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L5
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Extensão do hálux
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S1
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Flexão plantar
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Sensibilidade
O exame da sensibilidade avalia os dermátomos e graduado de 0 a 2
0. ausente
1. presente com sensação de formigamento
2. normal ou completo
Sensibilidade
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C5
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Área sobre m. deltoide
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C6
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Dedo polegar
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C7
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Dedo médio
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C8
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Dedo mínimo
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T1
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Face medial do antebraço
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T2
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Axila
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T4
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Mamilo
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T6
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Apêndice xifoide
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T10
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Umbigo
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T12
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Sínfise púbica
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L4
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Face medial da perna
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L5
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Espaço entre QDI e QDII
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S1
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Borda lateral do pé
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S3
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Área sobre tuberosidade isquiática
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S4/S5
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Região perianal
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Escala de Frankel
Chamada pela ASIA de ASIA impairment scale (AIS), avalia o grau de deficiência do paciente com TRM.
Escala de Frankel
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A
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Completa - sem função motora
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B
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Incompleta - função sensitiva até S4/S5; sem função motora
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C
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Incompleta - há função motora e maioria dos músculos tem força inferior a grau 3
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D
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Incompleta - há função motora e maioria dos músculos tem força superior a grau 3
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E
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Normal
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FIM
Avaliação funcional objetiva, infere a influência do TRM na independência do paciente para se alimentar, vestir-se, tomar banho e outras. Seu caráter é prognóstico.
CONSIDERAÇÕES
À primeira vista, percebe-se que a escala ASIA - adotada hoje em todo o mundo para pacientes com TRM - é extensa e complexa por ser composta por variáveis que envolvem conhecimentos básicos e específicos, mas esta é uma ferramenta crucial para tratamento e prognostico desses indivíduos, considerada padrão-ouro neste tipo de traumatismo.
ANEXOS
ANEXOS
REFERÊNCIA
AMERICAN SPINAL INJURY ASSOCIATION. INTERNACIONAL STANDARDS FOR NEUROLOGICAL CLASSIFICATION OF SPINAL CORD INJURY - EXAM SHEET. Disponível em http://www.asia-spinalinjury.org/elearning/ISNCSCI_Exam_Sheet_r4.pdf. Acesso em 22/08/2014.
PINTO, F.C.G. MANUAL DE INICIAÇÃO EM NEUROCIRURGIA. Cap. 7. Cap. 23. 2 ed. São Paulo: Santos. 2012
HOSP. ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. DIRETRIZES ASSISTENCIAIS. Fevereiro, 2012. Disponível em http://medsv1.einstein.br/diretrizes/ortopedia/Trauma_Raquimedular.pdf. Acesso 22/08/2014.
SANTOS, TSC. GUIMARÃES, R.M. BOEIRA, S.F. EPIDEMIOLOGIA DO TRAUMA RAQUIMEDULAR EM EMERGÊNCIAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. Outubro 2012, disponíbel em http://www.scielo.br/pdf/ean/v16n4/15.pdf. Acesso 22/08/2014.
Wikipédia. ESTADOS UNIDOS. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos. Acesso 22/08/2014.
Publicado por Breno Guedes Acadêmico de Medicina Membro LIPANI |
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