Hidrocefalia é o aumento patológico do
volume do compartimento ventricular devido a uma alteração do fluxo liquórico
por aumento da produção do líquor, obstrução intraventricular, obstrução do ESA
ou redução da absorção. O aumento mantido da pressão intraventricular e a
distorção do parênquima cerebral levam a edema intersticial, degeneração
axonal, gliose e, tardiamente, perda de sinapses e degeneração neuronal.
Conforme o mecanismo fisiopatológico, a
hidrocefalia é classificada em obstrutiva (ou não comunicante), quando há
obstrução ao fluxo liquórico dentro do sistema ventricular; e comunicante,
quando o liquor alcança o ESA livremente, mas circula mal através dele ou é mal
absorvido.
A classificação em congênita e adquirida
utiliza como critério a etiologia. Geralmente a congênita manifesta-se nos
primeiros meses de vida. Mas pode demorar até a vida adulta. A forma congênita
da hidrocefalia pode ocorrer por malformações como a Malformação de Chiari Tipo
II, Estenose congênita de aqueduto, Síndrome de Dandy-Walker, infecções
congênitas (toxoplasmose e citomegalovírus) e pode ser idiopática. Já a forma
adquirida pode ocorrer por infecções (meningite neonatal), Hemorragias
intracranianas (tocotraumatismo, hemorragia de matriz germinal do prematuro), e
por lesões expansivas, principalmente neoplasias (papiloma de plexo coroide e
TU de fossa posterior).
O quadro clínico varia conforme a idade,
dependendo da complacência do crânio e da maturidade do SNC. Lactentes
apresentam menos manifestações de HIC devido ao aumento compensatório do
crânio, e por vezes o único achado clinico é o aumento progressivo anormal do perímetro
cefálico, porém podem também apresentar atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor, sinais de liberação piramidal, crises de hipertonia,
irritabilidade, sonolência, inapetência e alterações de tronco cerebral (
“olhar em sol poente” por compressão do dorso mesencefálico, crises de apnéia e
vômitos). Crianças com idade superior a dois anos comportam-se como adultos,
podendo apresentar quadro agudo ou crônico compensado (assintomático,
oligossintomático ou de sintomatologia intermitente). Podem apresentar sinais
de HIC (sonolência, cefaleia, vômitos, papiledema, paresia do VI nervo craniano
e alteração de marcha), alterações comportamentais, alteração de memória e
sinal do pote rachado (sinal de MacEwen).
TC de crânio de pacientes pediátricos com hidrocefalia. A) Hidrocefalia comunicante. B) Hidrocefalia Obstrutiva
RNM de encéfalo, corte sargital em T1 de pacientes pediátricos com Hidrocefalia. A) Hidrocefalia Comunicante. B) Hidrocefalia Obstrutiva, com estenose de aqueduto. |
Na
emergência, o exame complementar de escolha é a Tomografia de Crânio que pode
mostrar ventriculomegalia, apagamento de cisternas e sulcos e lesões
encefálicas que comprimam vias de trânsito liquórico.
O tratamento definitivo da Hidrocefalia é
cirúrgico, envolvendo a colocação de um sistema valvulado de derivação
(prótese). O tratamento temporário é utilizado quando se supõe que a
hidrocefalia pode regredir ou quando há contraindicação temporária para a
realização de uma das duas formas de tratamento neurocirúrgico para a
hidrocefalia: Derivação Ventriculoperitoneal (DVP) ou terceiroventrículostomia
(IIIVT) endoscópica.
Referências:
- Jucá CEB, Lins Neto A, Oliveira RS, Machado HR. Tratamento de hidrocefalia com derivação ventrículo-peritoneal: análise de 150 casos consecutivos no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Acta Cir Bras 2002;17:(Supl 3):S59-S63.
- KLIEMANN SE, ROSEMBERG S. Hidrocefalia derivada na infância - Um estudo clínico-epidemiológico de 243 observações consecutivas. Arq Neuropsiquiatr 2005;63(2-B):494-501. Acessado em 13/07/16
- Pinto, Fernando Campos Gomes. Manual de iniciação em neurocirurgia/ Fernando Campos Gomes Pinto. – 2.ed.- São Paulo: Santos, 2012.
Por: Thaíse Guedes Acadêmica de Medicina Membro da LIPANI |
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