sábado, 30 de agosto de 2014

Escala de Coma de GLASGOW

Historia da escala
A escala de coma de Glasgow (ECG) foi publicada oficialmente por Teasdale e Jennet em 1974, na revista Lancet para a avaliação da profundidade e duração clínica de inconsciência e coma. Inicialmente, a ECG foi desenvolvida para ser utilizada como um instrumento de pesquisa para estudar o nível de consciência de pacientes com trauma craniano grave e, objetivamente, mensurar a função em pacientes comatosos. Jennett comentou que a escala foi adotada para melhorar a comunicação entre os profissionais, fornecendo uma linguagem comum para informar os achados neurológicos baseados em informações obtidas à beira do leito.    

Teasdale e Jennett trabalhavam em Glasgow, na Escócia, portanto o nome da cidade foi incorporado ao título da escala. Gradualmente, a escala de coma refinada tornou-se amplamente aceita por toda a Escócia, ganhando aprovação internacional, sendo utilizada por médicos e enfermeiros na prática clínica para avaliação de pacientes com lesões cerebrais.

Uma pesquisa no início dos anos oitenta mostrou que a escala foi utilizada em todos os hospitais, na Escócia, e 42 Unidades de Neurocirurgia da Grã-Bretanha. Isso representou cerca de metade dos hospitais que foram pesquisados. O estudo também descobriu que nenhuma outra escala era de uso comum, exceto qualquer hospital que tenha adotado o uso da ECG e depois foram substituídos por uma alternativa encontrada.

A ECG tornou-se um componente integral de uma avaliação neurológica abrangente para o paciente com lesões traumáticas. Estabelece uma abordagem padronizada para a avaliação objetiva e precisa do nível de consciência. Devido à simplicidade do instrumento, cuidadores pré-hospitalares, enfermeiras e médicos podem utilizar sua pontuação para mensurar e verificar tendências da disfunção neurológica.

Várias outras escalas foram desenvolvidos, alguns dos quais raramente são utilizados fora do seu país de origem. Exemplos destes são a escala de coma de Innsbruck e a escala Japonesa. Todos eles geralmente envolvem a avaliação do paciente e concessão de uma pontuação que dá uma ideia geral do seu nível de consciência.

Utilização e limitações
A ECG foi criada para padronizar a avaliação do nível de consciência em pacientes com lesão cerebral traumática, para avaliar a evolução neurológica desses pacientes e como um método para determinar objetivamente a gravidade da disfunção cerebral, além de criar uma comunicação confiável e precisa entre os profissionais de saúde.

A escala funciona avaliando três parâmetros, a abertura ocular, a melhor resposta motora e melhor resposta verbal. A partir da resposta do paciente, sua pontuação pode variar de 3 a 15.  Os achados da escala de coma formam a base da tomada de decisão clínica, como a necessidade de tomografia computadorizada, intervenção cirúrgica e/ou modalidade de drogas, efetividade de tratamentos e como indicador prognóstico.
Escala original
A ECG tem sido incorporada em vários sistemas de classificação de doenças críticas e de trauma e como um indicador clínico para tratamento. O melhor exemplo desse uso é a recomendação bem estabelecida de que um paciente com um Glasgow de 8 ou menos é incapaz de proteger sua via aérea e requer intubação endotraqueal. Outro uso é a divisão categórica da gravidade do traumatismo craniano pela pontuação da escala em leve (13-15), moderada (9-12) e grave (inferior a 8).

Algumas das grandes vantagens que a criação da ECG trouxe foi devido a sua facilidade de uso, levando à abertura de canais de comunicação entre profissionais de saúde e da capacidade de ser realizada de maneira adequada, sem necessidade estrita de avaliações neurológicas, na presença de um especialista, ou seja, pode ser usada por enfermeiros, paramédicos, médicos de clínica geral, etc. Também permitiu a avaliação do estado de consciência mais objetiva, utilizando uma escala numérica, deixando para trás as avaliações baseadas unicamente em termos subjetivos que são interpretadas de acordo com os critérios de cada prestador de cuidados. Hoje, devido a sua praticidade para detectar alterações neurológicas, a ECG é a ferramenta mais usada em salas de Urgência e Áreas de cuidado intensivo.

Em meio a sua larga utilização, a escala tornou-se alvo de diversas críticas nas últimas décadas. A abertura dos olhos, por exemplo, é considerado como indicador de vigília, mas deve ser lembrado que não significa que oue o conteúdo da consciência está intacta (como em um estado vegetativo persistente). O fato é que a escala de Glasgow não fornecer números suficientes para sinalizar todo o espectro de mudanças na consciência. Pelo contrário, é limitado ao diagnóstico do estado de coma e não permite mais distinções entre os outros estados de consciência. Devido a isso a sua utilidade para inferir um prognóstico é limitado, especialmente em pacientes com pontuação intermediária.

Além disso, Jennett e Teasdale especificam que a pontuação deve ser calculada com base no exame do paciente seis horas após a lesão cerebral traumática. Os pacientes com traumatismo craniano encefálico são estabilizados muito mais cedo, e bloqueadores neuromusculares são drogas muitas vezes utilizadas para tornar pacientes mais agitados mais fáceis de transportar e entubar. Todas estas circunstâncias interferem na validade da pontuação inicial obtida.

Outro problema ao aplicar a escala de Glasgow é de que o componente verbal não pode ser testado em pacientes entubados. Alguns médicos usam a pontuação mais baixa possível, enquanto outros inferem a resposta verbal com base em outros achados do exame neurológico. Além disso, padrões de respiração anormais ou a necessidade de ventilação mecânica podem indicar a gravidade do coma, mas a escala não cobre esses parâmetros.     
  
Referências

BORDINI, Ana Luisa et al . Coma scales: a historical review. Arq. Neuro-Psiquiatr.,  São Paulo ,  v. 68, n. 6, Dec.  2010 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2010000600019&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 30 Ago.  2014. 

MUNANA-RODRIGUEZ, J. E.; RAMIREZ-ELIAS, A.. Escala de coma de Glasgow: origen, análisis y uso apropiado. Enferm. univ,  México ,  v. 11, n. 1, marzo  2014 .   Disponível em <http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1665-

TEASDALE, Graham; JENNETT, Bryan. Assessment of coma and impaired consciousness. A practical scale. einstein. 2004; 2(2):129-130. Disponível em <http://www.einstein.br/biblioteca/artigos/Vol2Num2/Assessment%20of%20coma.pdf?origin=publication_detail>. Acessado em 30 Ago. 2014.70632014000100005&lng=es&nrm=iso>. Acessado em  30  Ago.  2014.

Por: Luíza Villarim
Acadêmica do quinto período de Medicina
Convidada

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